Traços da Libras no papel e na memória
Carregando...
Arquivos
Ano de publicação
2021
Autor (es)
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Instituição
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo
Esta tese é o resultado de um estudo doutoral que buscou investigar o possível potencial metalinguístico e evocativo da ortografia Sutton (escrita SignWriting) em pessoas adultas não surdas aprendizes iniciantes da Libras como segunda língua no processo de recuperação de componentes lexicais e sintáticos. Toma como articulador teórico interdisciplinar a Psicolinguística, que ramifica diálogos com a Linguística Aplicada, com a Linguística Descritiva e com a Psicologia Cognitiva, notadamente nas teorias atinentes à memória e à evocação. No que respeita à metodologia, é um trabalho cuja técnica de obtenção dos dados é experimental, mediante a aplicação de dois experimentos: um experimento de evocação lexical – com foco nos sinais bimanuais simétricos e assimétricos da Libras – que contou com 4 colaboradores do Grupo Controle e 5 do Grupo Experimental; e um experimento de evocação de estrutura sintática – com enfoque em estruturas de superfície de sentenças interrogativas do tipo QU e polares do tipo Sim/Não – que contou com 2 colaboradores do grupo controle e 5 do grupo experimental. Em ambos os experimentos foram usados como estímulos dicas de evocação verbais em formato de glosa – para o Grupo Controle – e em otografia Sutton – para o Grupo Experimental. Os dados analisados sugerem que a ortografia Sutton apresenta potencial evocativo e metalinguístico nos aprendizes pesquisados. Ademais, a escrita Sutton parece favorecer a evocação dos sinais bimanuais simétricos com movimento simultâneo ao passo que a escrita por glosas parece favorecer a evocação dos sinais bimanuais assimétricos. Adicionalmente, aprendizes expostos à escrita Sutton esboçaram comportamento reiterado de tentativa de decifração grafêmica durante o experimento de evocação lexical, algo que não ocorreu com o Grupo Controle, um possível indício do estímulo dessa escrita à consciência fonêmica dos indivíduos. Há indícios, nos resultados do experimento de evocação de estrutura sintática, de que as estruturas de superfície das sentenças interrogativas polares do tipo Sim/Não parecem levar mais tempo para serem lidas, com um tempo mais breve para a recuperação de estruturas interrogativas QU, porém não é possível traçar uma tendência estatística segura sobre esse achado. Ademais, os participantes do Grupo Experimental realizaram evocação de estruturas sintáticas interrogativas compatíveis com 14 sentenças interrogativas – 7 do tipo Sim/Não e 7 do tipo QU – de um total de 20 sentenças passíveis de evocação. Esse dado parece consistente em indiciar o potencial da ortografia Sutton em propiciar aos aprendizes de Libras deste estudo a recuperação de estruturas sintáticas interrogativas a partir de dicas textuais de superfície. A pouca quantidade de colaboradores nos experimentos conduzidos neste estudo, contudo, recomenda cautela, pois os dados numéricos obtidos não permitem chegar a conclusões definitivas e nem traçar tendências estatísticas com resultados generalizáveis, o que enseja a necessidade de estudos mais abrangentes, quiçá longitudinais, com uma amostragem quantitativamente mais representativa.
Descrição
Citação
FREITAS, Isaac Figueredo de. Traços da Libras no papel e na memória. 2021. 298 fls. Tese (Doutorado em Linguística) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021.